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Se estivermos abertos, nossos queridos virão

Em entrevista recente, a sempre inspiradora Patti Smith faz uma reflexão sobre como lida com a morte e diz que a conexão que fica com quem se foi só depende de estarmos abertos

Em vários textos aqui no Vamos Falar Sobre o Luto? já falamos sobre a imortalidade da relação que temos com as pessoas que amamos e as diversas formas de conexão que estabelecemos com elas após a morte. Em entrevista concedida à ABC News no início de abril, a cantora e escritora Patti Smith falou sobre a morte e a ausência, e trouxe a questão da imortalidade de uma forma simples e ao mesmo tempo tão intensa, que me tocou profundamente.

Citando o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, ela diz: “It isn’t that the dead don’t speak, it’s just that we forget how to listen” (em tradução livre, algo como “não é que os mortos não falam, é que nós nos esquecemos como ouvir”).

"Eu ainda converso com meu marido sobre nossos filhos e eu os sinto dentro de mim", disse a cantora em entrevista
“Eu ainda converso com meu marido sobre nossos filhos e eu os sinto dentro de mim”, disse a cantora em entrevista

Precisamos aprender a ouvir os mortos, a perceber os pequenos sinais. Eu vivo isso desde a partida do meu pai. Em alguns momentos sinto ele muito distante, mas sou eu quem, na verdade, está distante: longe de mim mesma, dos meus sentimentos, vivendo no famoso piloto automático. Quando estou mais presente, ele vem imediatamente para perto. Enxergo meu pai nos detalhes, nos girassóis, no vento… Chego a ouvir sua voz no canto do meu ouvido.

Sempre brinco que esses são os pequenos milagres do dia, aqueles sinais que aparecem como mágica, que nos mostram que eles estão por perto. Basta prestar atenção a aprender a ouvir com o coração.

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