Esse projeto é um convite para quebrar o tabu. Um canal de inspiração e de informação para quem vive o luto e para quem deseja ajudar

Esqueça SEMPRE e NUNCA

Uma das formas de atravessar o luto e construir resiliência é combater a permanência. Você tem que acreditar que não será sempre tão ruim. Do contrário, não terá forças para fazer com que não seja sempre tão ruim.

Como todos que passaram pela perda de alguém muito querido, Sheryl Sandberg, a executiva do Facebook que viu seu mundo de harmonia e sucesso desabar, há 2 anos, com a morte repentina do marido, Dave Goldberg, acordava todos os dias pela manhã desejando que fosse um pesadelo. Não era. Mas era como se fosse e parecia que jamais acordaria daquele sonho terrível. “Todas as manhãs eu acordava para ver que ele se fora. E que aquela dor nunca iria me deixar. Nunca.”
Foi o psicólogo Adam Grant, seu amigo pessoal com quem viria a escrever seu novo livro, Plano B – Como encarar adversidades, desenvolver resiliência e encontrar felicidade (Editora Fontanar, R$39,90), que a advertiu primeiro contra o uso das palavras SEMPRE e NUNCA. Sheryl afirmou que nunca mais seria capaz de sentir uma felicidade verdadeira.. Adam ligou para ela e disse: “Se você pensar que nunca mais será feliz, nunca fará coisas que trazem felicidade”.

Segundo o psicólogo, quando estamos diante de uma perda devastadora, é natural que façamos aquilo que ele define como “previsão afetiva”, a nossa habilidade de prever como será nosso futuro emocional. O psicólogo Dan Gilbert, estudioso do comportamento diante da adversidade, afirma que as pessoas, diante de situações tristes e difíceis, tendem a superestimar o quanto será ruim e por quanto tempo. Pensar que vamos nos sentir tão mal, como estamos nos sentindo naquele momento, por toda a vida é acreditar na permanência. No entanto, uma das poucas coisas de que temos certeza na vida, é de que tudo é impermanente. Podemos estar felizes hoje, mas isso não garante que estejamos felizes para sempre. Podemos estar tristes ou desesperados, mas isso também não é para sempre.
Reconhecer a impermanência começa por abolir as palavras definitivas. E substituir sempre por “às vezes”, “agora” ou “ultimamente” . E nunca por “algum dia”.