Esse projeto é um convite para quebrar o tabu. Um canal de inspiração e de informação para quem vive o luto e para quem deseja ajudar

Faça uma mãe mais feliz neste dia

Pequenos gestos amorosos podem tornar mais leves e significativos o dia das mães que não tem o filho por perto. Saiba como você pode ajudar

Neste Dia das Mães muitas de nós não estaremos com os filhos que amamos. Seja uma perda recente ou um luto antigo, é muito difícil resistir ao gatilho emocional da data. Para algumas, o sofrimento é inevitável, para outras, é um momento delicado que traz memórias felizes, tristes ou reflexões sobre a vida. Não faz diferença como a mãe enlutada se sinta ou se comporte nesse dia, o fato é que ela precisa da sua empatia. Quem está próximo, física ou afetivamente, tem um papel muito importante nesse acolhimento. Pode ser a diferença entre um domingo com calor no coração ou o agravamento da dor e da solidão.

É normal querer ajudar e mais normal ainda não saber como. A gente sabe que o luto, além de pessoal e intransferível, não vem com manual de instruções. Mas quero deixar aqui, neste dia em que tantos corações partidos precisam de ainda mais afeto e respeito, um conselho que ouso acreditar que vale para todos. As mães que perderam um filho não “tem que” nada. Não “tem que” se sentir desta ou daquela maneira. Não “tem que” ficar tristes, não “tem que” ficar felizes. Não “tem que” celebrar, não “tem que” se recolher, não “tem que” ficar sós, não “tem que” ir ao almoço da família , não “tem que” faltar a ele. Não “tem que” rir, não “tem que” chorar
Não “ter que” nada significa, simplesmente, se permitir fazer o que sente vontade. E não ser julgada ou cobrada.
Por outro lado, as pessoas que as amam, tem sim, muito a fazer e demonstrar para ajudá-las. E algumas atitudes simples fazem muita diferença. Reuni aqui algumas orientações de especialistas publicadas no site Option B:

1- Não julgue. Não faça ou diga nada que deixe as mães enlutadas sentirem que estão “agindo mal” ou “passando dos limites”: estão tristes demais, por tempo demais. Esqueça o conselho “bola pra frente”, não force um sentimento inexistente até aqui. Não há uma forma certa ou errada de processar ou expressar o luto.

2- Mostre que se importa. Expresse seu carinho e sua atenção nessa data especial. Não precisa dizer ou escrever uma frase genial (aliás, não existem frases geniais nesse caso, desista) nem busque uma forma de “resolver” o luto ou afastar a saudade. Apenas mostre que seus pensamentos e seu afeto estão com aquela pessoa.

3- Diga o nome do filho que partiu. Muitas vezes, amigos e familiares param de dizer o nome do filho que morreu. Acham que fazê-lo provocará mais dor e é exatamente o contrario: dizer seu nome faz a mãe sentir que ele ou ela ainda é amado/a e lembrado/a e sua ausência sentida por todos. O pior pesadelo de uma mãe enlutada é que o seu filho seja esquecido.

4- Divida memórias. Enquanto muitos pais e mães prefiram não falar sobre o filho que partiu, outros adoram trocar memórias e histórias vividas com eles. Siga as pistas que eles mesmos derem e, se perceber que lhes faz bem, divida com eles suas próprias lembranças sobre quem se foi.

5- Apóie os irmãos sobreviventes. A data é muito dolorosa para os pais mas pode ser igualmente difícil para os irmãos. Pressionados pela “culpa de estarem vivos”, eles precisam de uma atenção extra para se sentirem amados. Se os pais não estiverem prontos para celebrar o Dia das Mães, amigos e familiares podem colaborar e propor para os irmãos um programa alternativo, um dia leve com um passeio divertido.

6- Esteja ao lado. Se a mãe não quiser participar de nenhuma celebração familiar, ofereça-se mesmo assim para estar perto: proponha um dia gostoso juntos: um filme, uma massagem, um sorvete no parque. Sua companhia pode ser tudo que ela precisa para transformar um dia difícil em um momento em que se sinta amada e acolhida.

ankush-minda-545239-unsplash

A prática das atitudes recomendadas acima não se restringe ao Dia das Mães. Todos os dias, pequenos ou grandes gestos de amor podem significar muito para mães, pais e famílias enlutadas.
Mas, especialmente hoje, desejo a todas as mães que tenham um lindo dia, com a leveza possível e muita ajuda amorosa de quem as cerca. E deixo aqui, como inspiração para todas, a linda mensagem ,transmitida pela Rádio BandNews, da dona Mercedez Boechat, mãe do jornalista Ricardo Boechat, falecido em fevereiro deste ano.

Lembranças da nossa infância e da infância dos nossos filhos vêm à nossa mente. Beijos, abraços, presentes e a felicidade de estarmos juntos. Mas há outro grupo de mulheres que, nesse dia, o coração está mais apertado.
“São aquelas que quando passam escutam murmurar: ‘Coitadas, perderam o filho’. Isso não é verdade, não perderam nada. Elas tiveram um filho, que permanece em sua mente e em seu coração. Viveram com eles sonhos, esperanças, frustrações, com os quais riram e choraram.Que se fizeram homens e mulheres. Sim, são parte de nós. Não importa que parte do caminho eles deixaram de percorrer, mas nos deixaram a sua presença. Devemos festejar essa data, pois sempre seremos mães”,