Esse projeto é um convite para quebrar o tabu. Um canal de inspiração e de informação para quem vive o luto e para quem deseja ajudar

Natal e Ano Novo: dois amplificadores da dor da perda mas que podem ser vistos de outra forma.

Rita Almeida fala sobre suas experiências de Natal e Ano Novo após a perda de seu filho Paulo e compartilha uma meditação para as festas de fim de ano.

A gente sabe que o primeiro ano após a perda de alguém fundamental é um dos maiores desafios que se pode enfrentar na vida. Tudo parece existir só para te lembrar da ausência da pessoa que partiu. O Natal e Ano Novo são, sem dúvida, provas desse sofrimento: toda a família e amigos reunidos fazem gritar a falta de quem está ausente.

Vivi esse momento há quase 8 anos, quando meu filho partiu aos 28 anos. E isso aconteceu no dia 28 de janeiro, após termos passado o Natal e Ano Novo juntos, comemorando as realizações do ano e as boas energias do ano seguinte mas acima de tudo, felizes pela vinda do Rodrigo, filho do Paulo e da Anna Luisa, naquele momento com 8 meses. Eu só não estava mais feliz porque senti que o Paulo estava muito ansioso tanto no Natal quanto no Ano Novo. Parecia adivinhar que seu tempo estava acabando.

Acho muito impressionante me lembrar também que, no Réveillon de 2012, quando me conectei com a ansiedade do Paulo, eu chorei durante uma hora inteira, de meia noite até 1 da manhã, sem saber explicar a razão. Parece que eu estava adivinhando que aquele seria o ano mais difícil da minha vida. 28 dias depois eu recebia a notícia da morte do meu filho. O que me levou para um ano inteiro de LUTO e DOR sem medida, até que cheguei ao próximo final do ano.

O Natal e Reveillon de 2013 foi o primeiro que passei sem meu filho. Minha família estava junto me apoiando em uma praia linda. Naquele ano, só tive espaço para a dor. Mas é porque o primeiro ano realmente é avassalador. Com o tempo, fui encontrando maneiras de trazer meu filho para o meu Natal e Ano Novo e assim sentir menos a sua falta.

Como eu faço isso? Como eu consigo sentir meu filho presente no Natal?

Tudo começa no nosso presépio: todos os anos, monto nosso pequeno presépio. Olho para o menino Jesus e para os anjinhos de plantão e vejo o Paulo. Para mim esse presépio tem ele. Para mim Jesus na caminha carrega um pedaço do meu filho. A outra forma de sentir o Paulo nas festas de fim de ano é dentro de mim: ele está aqui de segunda a segunda, nas festas e nos feriados. Ele é parte de mim, aonde vou carrego meu filho, aonde estou, estou com o Paulo. Inclusive no Natal e no Ano Novo.

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Eu também vejo o Paulo na irmã dele, a Gabriela, que carrega sua assinatura tatuada no braço. Está também em minha própria tatuagem em sua homenagem. Ele está em seu filho, hoje com 8 anos. O Rodrigo tem a cara, o corpo, o suingue e a inteligência do pai. Por isso para mim um está no outro.

Também me conecto com o Paulo nas rezas e meditações, uma especialmente anda me acalmando o coração nesse último ano: a HO’PONOPONO. Já ouviram falar? É uma meditação havaiana que tem o poder de limpar as vivências passadas e mesmo as futuras. Consta de 4 frases curtas. Quem medita sério, usa o japamala (tipo um terço de 108 contas) para repetir as 4 frases por 108 vezes.

Quem está começando não precisa tudo isso. Só se conecte com a pessoa que partiu evocando o seu nome abençoado e repita as frases que escrevo a seguir, quantas vezes quiser e sentir vontade:

 

Abençoadx XXX,

Sinto Muito,

Me perdoe,

Eu te amo,

Sou grata.

 

Faça HO’PONOPONO para você, para a pessoa que partiu, para o Natal, para os seus medos, para sua tristeza. Vai fazendo. Para endereçar, use sempre o “abençoado”:

 

Abençoada tristeza,

Sinto Muito,

Me perdoe,

Eu te amo,

Sou grata.

Tenho certeza que vai te ajudar muito a passar por esses momentos. Que trará leveza ao sentimento de perda. Que preencherá um tanto o vazio que parece um buraco infinito. Que te lembrará que o maior segredo é conectar-se com a pessoa dentro de você, nesse lugar aonde ela sempre estará, de onde nada e nem ninguém poderá tirá-la de você.

Portanto, neste fim de ano, eu desejo muita coisa boa para você:  que consiga transformar a dor desses momentos em esperança de um ano com compreensão e busca de significado. Que você seja forte e consiga agradecer pelo amor construído durante a vivência com essa pessoa que hoje falta.

Finalizo esse texto com respeito a sua dor. Honro esse amor que de alguma forma continua em você. Receba meu abraço com a maior empatia e solidariedade que eu sou capaz de sentir.

Feliz Natal, Feliz Ano Novo.

Beijos

Rita