Esse projeto é um convite para quebrar o tabu. Um canal de inspiração e de informação para quem vive o luto e para quem deseja ajudar

Quanto tempo vai durar esse sofrimento?

Não há uma conta ou um limite para o término da dor. O tempo de cada um é diferente e precisa ser respeitado para que a imposição de um prazo não traga uma dor adicional.

É preciso entender que, neste processo de luto, há dois tempos correndo juntos: o tempo do relógio e o tempo interno de cada um. Estes tempos nem sempre são coincidentes. O tempo do relógio marcará as horas, os dias, as semanas, o mês e os anos; mas o tempo de dentro tem uma marcação diferente. Ele anda conforme as sensações e sentimentos de cada um; por isso o tempo do luto é diferente para cada pessoa. Haverá dias em que a ausência parecerá algo muito recente, algo ainda muito doído. Em outros momentos, haverá uma impressão de melhora, como se o sentimento de falta houvesse rapidamente passado. Sem dúvida, o tempo do relógio irá ajudar o enlutado a entrar novamente na realidade, com o difícil encargo de aprender a conviver com o sofrimento. Mas, como as pessoas são diferentes, vivem seus sentimentos de forma diferente, e também elaboram o luto em tempos diferentes e de forma muito pessoal.

Imagem: Milada Vigerova

Os primeiros dias…

O dia do falecimento de alguém que amamos é, com certeza, um dia em que tudo parece ser parte de um filme do qual você nunca mais esquecerá. Uma sensação de que o chão se abriu e de que você tem de ser “forte” para não cair, mas suas pernas e seu corpo não controlam tantas emoções e tanta dor.
Os encaminhamentos práticos – velório, sepultamento, avisar parentes e amigos – talvez o distancie um pouco das emoções, mas em algum momento você vai ter de lidar com elas. O estado de confusão é muito comum nestes primeiros dias.

Crises de choro, depressões, alterações de sono, de apetite e de humor são reações esperadas. Nesse momento, muitas coisas perderão o sentido para quem vive o luto. Até as tarefas mais simples do dia-a-dia poderão ser difíceis demais de serem realizadas.

Quem quiser prestar um apoio a alguém que vive o luto, poderá realizar essas tarefas cotidianas para permitir que o enlutado se restabeleça e, aos poucos, volte à sua rotina. Voltar para casa sempre é difícil, pois representa voltar para a vida sem a pessoa que perdemos. Esta volta pode ser adiada por alguns dias, mas em algum momento terá de acontecer e será acompanhada de sofrimento. A rotina diária vai contando o que aconteceu e, por isso, os primeiros dias são tão doloridos e difíceis.