Inspiração - Como eu me sinto
Quando a morte revela o amor
Já faz quase um mês do falecimento de Rayya Elias, esposa da escritora Elizabeth Gilbert, autora do best-seller “Comer, Rezar, Amar”.
Já faz quase um mês e ainda é tempo (e sempre será) de contar essa história. O que é uma vida bem vivida se não uma vida que merece ser narrada?
Quando Rayya foi diagnosticada com um câncer no pâncreas e no fígado em estado avançado, em julho de 2016, Elizabeth decidiu deixar o marido. Com a notícia, ela percebeu que estava apaixonada por Rayya. Na época, Elizabeth escreveu: “Algo aconteceu no meu coração com o diagnóstico de Rayya. A morte — ou sua probabilidade — deixa tudo mais claro. Encarei a verdade: eu não amo Rayya como amiga, eu estou apaixonada por ela. E não tenho mais tempo para negar a verdade. A ideia de um dia sentar ao lado dela no hospital, segurando sua mão e a observando partir, sem permitir que ela saiba da extensão dos meus verdadeiros sentimentos, é algo inimaginável.”
Os últimos meses de vida de Rayya foram de muito amor, vivendo uma breve mas intensa história com Elizabeth. Uma história que gerou alguns trabalhos, como a música “Happy Home”, que tem letra de Elizabeth Gilbert e melodia de Rayya (é ela quem aparece cantando – e chorando – no clip da canção, disponível aqui). Rayya, que trabalhou a vida toda com arte (escreveu livros, fez músicas e curta metragens) escolheu viver seus últimos meses de vida despedindo-se do mundo. E Elizabeth a acompanhou.
Em um dos passeios delas com amigos, Elizabeth gravou este vídeo de Rayya que ela recentemente publicou com um texto de agradecimento por todo o apoio que tem recebido:
Faz duas semanas que perdi minha amada parceira Rayya. Eu queria agradecer a todos vocês – amigos, familiares e “estranhos” (seja lá o que a palavra significa) – que me enviaram tanto amor e apoio. Juntos, vocês criaram um oceano de misericórdia para mim agora. Muito obrigado. Em troca, eu ofereço ISTO: um vídeo que me traz prazer sempre que eu assisto. Esta era a minha Rayya apenas alguns meses atrás, andando no barco de um amigo, balançando o corpo com prazer ao ouvir uma música antiga, uma de suas favoritas. Assim era Rayya: uma mulher que sofria de uma doença terminal, que sabia estar morrendo muito jovem, vivendo com dor e medo, tristeza e teimosia, prestes a perder tudo… mas AINDA assim capaz de acessar os portais da mais pura alegria e abandono. (Por favor, preste atenção em seus movimentos com a bengala. Essa é a minha estrela do rock.) Eu virei minha vida de cabeça para baixo quando Rayya foi diagnosticada. Eu gastei todo o meu tempo e energia e amor com ela. Eu faria tudo de novo, exatamente da mesma maneira. Meu coração está em estilhaços no momento, mas às vezes é assim que os corações precisam estar. (“Aposte tudo por amor, se você é um verdadeiro ser humano”, ensinou Rumi.) Eu vou estar voltando ao mundo agora – entrando nele uma vez mais. Eu verei vocês lá fora, e também aqui, nas mídias sociais. Não tenho ideia de quem eu serei do outro lado dessa perda, mas está tudo bem; de alguma forma eu vou descobrir. Hoje eu sei que apenas essas três coisas são verdadeiras:
1. Não há retorno – há apenas para a frente.
2. Tudo valeu a pena.
3. Rayya, que sempre amava a música, agora se TORNOU música.
Vamos em frente!
VAMOS!