Ao longo dos últimos 7 meses, ouvi de algumas ou de várias pessoas que a vida não pode parar. Não pare seu curso, não pare suas atividades, não pare isso ou aquilo.

De fato o relógio da vida não para. O segundo que você leu este texto não volta mais. Mas eu parei sim. Parei pra escutar o coração. Parei pra buscar razão em meio a tanta escuridão. Parei pra segurar a mão do meu  pai. Parei pra ficar mais tempo com ele. Pra cuidar de quem cuidou de mim.

Parei quando o Google me apresentou os textos mais angustiantes e voltei quando vi que Deus e a fé nos permitem avançar quando se pensava impossível.

Parei de reclamar à toa, de buscar culpados ou de procurar os defeitos. Parei pra valorizar as pequenas coisas como um simples aperto de mão, um cafezinho no hospital ou ouvir Elvis com ele.

Parei pra evoluir… e sigo em busca.

O relógio segue contando: os segundos, minutos e horas seguem atravessando o túnel da vida. O tempo deixa suas marcas, mas parar é imprescindível pra poder seguir adiante.

Meu pai agora parou aqui neste mundo que conhecemos, mas certamente segue sua jornada ao lado de Deus.

Eu hoje paro pra chorar e sei que sentirei muitas saudades.

Papi te amo. Pra sempre.

Mirella Radomysler tem 40 anos, 2 filhas, 1 cachorro. Trabalhou por 8 anos na ONG Unibes até que precisou deixar tudo para cuidar do seu pai. Hoje tem se interessado muito por filosofia e escrever tem sido sua válvula de escape.