Inspiração - Como eu me sinto
8 coisas que precisamos saber sobre o luto por causa de animais
Texto originalmente publicado na coluna Vamos Falar Sobre o Luto no UOL
O luto por um pet ainda é um luto não reconhecido. A sociedade frequentemente nega a necessidade de lamentar a perda de um animal de estimação. Como resultado, a dor pode ser escondida, enterrada ou ignorada. Apesar da incompreensão, precisamos chorar a morte dos nossos animais. Luto significa expressar seus sentimentos, não importa o quão doloroso.
1. Clichês não ajudam
Clichês são comentários banais com o objetivo de diminuir a perda, fornecendo soluções simples para realidades difíceis. Comentários como “era só um cachorro” ou “você sempre pode conseguir outro” ou até mesmo “fique feliz por não ter mais que cuidar dele” não são construtivos. Em vez disso, eles machucam e tornam a jornada do luto mais difícil.
2. Memórias são os melhores legados
Vale falar sobre o tema e abraçar essas memórias. O animal de estimação entreteve, confortou, frustrou, mas sempre amou seu tutor. Se as memórias trazem risos, pode sorrir. Se trazem tristeza, pode chorar. Memórias construídas com amor não se apagam.
3. As emoções irão variar
Provavelmente, a pessoa que perdeu um animal de estimação vai experimentar uma variedade de emoções: confusão, desorganização, tristeza, emoções explosivas ou culpa. Esse conjunto de emoções e sentimentos não deve ser reprimido e vale ignorar qualquer um que diga o contrário. Precisamos dar permissão para que os sentimentos encontrem expressão. Por mais estranhos que possam parecer alguns desses sentimentos, eles são normais e saudáveis.
É preciso ainda permitir diferentes respostas emocionais dentro do núcleo familiar, considerando que cada membro da família provavelmente tinha um relacionamento único com o animal de estimação, e ter o cuidado de respeitar a necessidade de cada pessoa de sofrer à sua maneira.
4. Eutanásia
Esta escolha difícil pode ser muitas vezes a certa, especialmente se o animal de estimação está com dores agonizantes ou a qualidade de vida deteriorada. Conversar com o veterinário é fundamental. Felizmente, procedimentos humanos podem acabar com o sofrimento desnecessário para o animal de estimação. O medicamento intravenoso usado para a eutanásia não causa dor.
Depois de consultar o veterinário é possível tomar a decisão com base no bom senso, na gentileza e no amor com que o animal foi tratado ao longo de sua vida. Alguns tutores querem estar presentes quando seus animais de estimação são sacrificados. Alguns não. Seja qual for a escolha, as pessoas ainda podem querer passar algum tempo especial dizendo adeus.
5. Rituais podem ser úteis
É um momento para reconhecer a perda, compartilhar memórias do animal de estimação e criar espaço para a família expressar abertamente as emoções. Embora alguns amigos ou até mesmo membros da família possam achar que fazer um funeral para o animal de estimação é bobagem ou excentricidade, não fazer é abrir mão de um momento que pode ser importante no processo do luto.
6. As crianças precisam estar envolvidas
A morte de um animal de estimação costuma ser a primeira oportunidade que os pais têm de ajudar os filhos em momentos de luto. Infelizmente, os pais muitas vezes não querem falar sobre a morte, presumindo que agindo assim os filhos serão poupados da dor e da tristeza. As crianças, no entanto, têm o direito de lamentar por seus animais de estimação.
Qualquer criança com idade suficiente para amar é velha o suficiente para sofrer. E muitas crianças amam seus animais de estimação de todo o coração. Vivenciar a morte de um animal de estimação pode ser uma chance para as crianças aprenderem sobre a alegria —e a dor— de cuidar profundamente de animais de estimação ou das pessoas.
Um adulto pode não ter a mesma profundidade de dor que uma criança e ainda assim deve respeitar e permitir que eles expressem isso sem se sentirem abandonados. A resposta do adulto diante da primeira exposição de uma criança à morte pode ser uma parte positiva ou negativa de seu crescimento e desenvolvimento pessoal.
7. Seja sensível com idosos que perderam seus bichos
Para os idosos, o relacionamento com um animal de estimação é muitas vezes o relacionamento mais significativo que eles têm naquele momento de suas vidas. A morte do animal de estimação pode ter um impacto significativo, principalmente se o idoso estiver isolado do contato humano. Quando o animal morre, a experiência pode desencadear antigos sofrimentos por perdas encontradas ao longo da vida. É imperativo que a família e os amigos sejam sensíveis às necessidades do idoso durante este período, respondendo com carinho e compreensão.
8. A substituição precoce por outro animal pode causar problemas
A tentação é sair correndo e pegar outro imediatamente —e muitas vezes somos incentivados a fazer isso. Embora possa parecer uma boa ideia, deve-se ter cuidado com a substituição prematura. Precisamos de tempo para sofrer e se curar quando um animal morre. Um novo animal de estimação exige energia e atenção, portanto ele deve chegar quando os tutores estiverem prontos e dispostos a essa nova entrega.