Inspiração - A gente indica
3 livros infantis para adultos
Onde vivem os monstros, de Maurice Sendak
Esse clássico de 1964 já foi celebrado de todas as formas: ganhou prêmios, tornou-se livro favorito de muita gente (tipo Barack Obama) e foi parar nas telas em 2009 com a direção maravilhosa de Spike Jonze. Ele traz muitas lições para a vida e tenho a impressão que, a cada vez que você entra em contato com o livro e filme, encontra novos aprendizados. Relendo Onde vivem os monstros recentemente, pensei no luto e como é parte do processo aceitar uma versão de nós mesmos menos bonita. Pensamentos ruins, inveja, raiva, ingratidão – tudo isso me parece normal quando vivemos uma grande perda e, de certa maneira, ao trocarmos com outras pessoas que também viveram o luto, entendemos que é Ok sentir tudo isso. Outro paralelo que fiz foi sobre as viagens de Max… ele leva um ano para ir e mais um ano para voltar do lugar onde vivem esses seres terríveis e encontra, pelo caminho, um mar turbulento e muitos desafios. Parece familiar?
“Naquela mesma noite nasceu uma floresta no quarto de Max que cresceu e cresceu até aparecerem cipós pendurados no teto e as paredes se transformarem no mundo inteiro. E um oceano surgiu ondulante como um barquinho só para Max e ele navegou noite e dia, semana vem, semana vai durante quase um ano para onde vivem os monstros.”
Para onde foi meu pai?, de Gustavo Vilela
No final de 2017, fui apresentada ao Gustavo e conheci seu segundo livro infantil, lindamente ilustrado pela Fran Junqueira. Ingo, o garoto da história, chega em casa e ouve da mãe que o coração do seu pai parou e sai em busca de respostas para o que seu próprio coração não consegue compreender.
“Vendo que Ingo estava triste e chateado, um senhor se aproximou dele e ofereceu: ‘posso te ajudar em alguma coisa?’ Ingo explicou que estava procurando seu pai, contou sobre o que já tinha feito e que ainda não tinha conseguido encontrá-lo. Ele, então, perguntou ao senhor: ‘você sabe para onde foi meu pai?’ O homem disse que não, e Ingo ficou surpreso com a resposta. ‘Todos os adultos disseram que sabiam, só você que não’, exclamou. ‘Eu realmente não sei onde ele está, mas posso te ajudar a encontrá-lo’, disse o senhor para Ingo. ‘Como?’, perguntou o garoto. O senhor então respondeu à pergunta de Ingo com outra pergunta: ‘o que vocês gostavam de fazer juntos?’
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A parte que falta, de Shel Silverstein
Essa semana, um novo video da Jout Jout, uma das youtubers mais queridas do Brasil, lendo o livro A Parte que Falta fez muita gente pensar e chorar. Não é exatamente sobre o luto, e sim uma reflexão sobre como nos sentimos incompletos e estamos sempre em busca de algo que vai *finalmente* nos fazer felizes. Mas, com nossos olhos treinados, também podemos tirar alguns aprendizados dali. Eu, por exemplo, me emocionei com o trecho abaixo que fala sobre felicidade. De certa maneira, meus lutos me fizeram valorizar mais o tempo presente, os pequenos encontros, o que está dado e muitas vezes ignorado.
“Felicidade demais atrapalha. Não sobra tempo para conversar com minhoca, apostar corrida com besouro ou sentir o perfume de uma flor. Muito menos para deixar uma borboleta pousar na nossa cabeça.”